Por João Villa Franca Neto, cofundador do Carreira Preta
Você já ouviu falar em Diversidade 2.0? Neste texto, vou explicar como essa abordagem pode ajudar sua empresa a alcançar os propósitos de ESG. Então, continue aqui!
O movimento em prol da diversidade racial nas empresas começou nos Estados Unidos, durante a década de 1960, no contexto dos direitos civis. Naquele tempo, as organizações sentiram a pressão para adotar políticas de contratação mais igualitárias. Já nos anos 1980, surgiu a necessidade de incluir outras minorias, além dos afro-americanos, como mulheres e pessoas com deficiência. Nesse período, as empresas começaram a implementar os primeiros programas de diversidade e inclusão.
A Expansão da diversidade racial e a globalização
Com a globalização da economia e a crescente importância da diversidade no mercado, as empresas passaram a adotar políticas mais abrangentes de diversidade e inclusão, que incluíam também a diversidade racial. Nos últimos anos, a diversidade racial nas empresas se tornou uma das principais pautas do movimento antirracista. O assassinato de George Floyd, em maio de 2020, marcou um ponto de virada nesse sentido, levando a uma mobilização global pela igualdade racial.
A Diversidade racial nas empresas brasileiras
Após o assassinato de Floyd, muitas empresas brasileiras reconheceram publicamente a importância da diversidade racial. Além disso, comprometeram-se com ações concretas para combater a discriminação e promover a inclusão no ambiente de trabalho. Esse movimento pela diversidade racial no Brasil ainda se encontra em desenvolvimento. No entanto, a discussão se intensificou, e muitas empresas começaram a entender que a inclusão e a equidade são fundamentais para a sustentabilidade dos negócios e o desenvolvimento social do país.
Diversidade 2.0: uma nova abordagem para a inclusão
O movimento pela diversidade racial nas empresas, após o assassinato de George Floyd, passou por duas ondas distintas. A primeira onda trouxe a conscientização sobre a importância do tema e o reconhecimento de que as empresas não eram suficientemente diversas. Embora ações tenham surgido para aumentar a diversidade e a inclusão, essas iniciativas foram limitadas em termos de mudança estrutural.
A segunda onda, conhecida como Diversidade 2.0, começou no segundo semestre de 2022 e trouxe programas mais abrangentes e estruturais. Nesta fase, as empresas modificaram seus modelos de gestão de pessoas, desenvolvendo programas de retenção de talentos e aceleração de carreira por meio de mentorias e formações. Além disso, revisaram tecnicamente os processos, tornando as soluções mais estruturais dentro da organização. A Diversidade 2.0 busca promover uma mudança cultural profunda nas empresas, incentivando uma transformação genuína em suas estruturas e políticas internas.
Diversidade 2.0 e ESG: interseções e impactos
A Diversidade 2.0 vai além das diferenças de gênero, raça e orientação sexual, incluindo também a diversidade de perspectivas, habilidades, experiências e origens. Nesse contexto, a sigla ESG, que se refere às práticas ambientais, sociais e de governança adotadas por uma empresa, torna-se ainda mais relevante. Empresas que adotam práticas ESG promovem a diversidade e inclusão, respeitam os direitos humanos e evitam práticas antiéticas.
A Diversidade 2.0 se relaciona diretamente à dimensão social do ESG, já que promover a diversidade e inclusão é uma prática socialmente responsável e ética. Além disso, a diversidade contribui para a sustentabilidade financeira das empresas, pois equipes mais diversas tendem a ser mais criativas e inovadoras, gerando vantagens competitivas no mercado.
Diversidade 2.0 como ferramenta para ESG
Portanto, a Diversidade 2.0 pode ser vista como uma ferramenta para atingir os objetivos da dimensão social do ESG, contribuindo para a construção de empresas mais responsáveis e sustentáveis. As práticas de diversidade também servem como ações de governança dentro dos princípios de ESG.
A diversidade e a inclusão impactam diretamente a governança corporativa, melhorando a tomada de decisões e a supervisão dos negócios. Além disso, a diversidade se relaciona à gestão de riscos e à mitigação de problemas legais e de reputação. Organizações com equipes mais diversas identificam e abordam melhor possíveis questões legais e de reputação.
Diversidade 2.0 e governança corporativa
A Diversidade 2.0 contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais ético e justo, fundamental para uma boa governança corporativa. As ações e programas de diversidade fazem parte dos relatórios ESG como parte de uma estratégia de governança corporativa. Isso garante a equidade salarial, oportunidades de promoção para grupos sub-representados, programas de treinamento em diversidade e inclusão, metas e métricas de diversidade e inclusão, entre outras ações. Essas iniciativas podem ser medidas, relatadas e avaliadas como parte do relatório ESG da organização, destacando a relevância da Diversidade 2.0 no cenário corporativo atual.