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Equidade racial atrai a atenção de grandes empresas

Por Paula Sales

O ambiente corporativo, especialmente entre as grandes empresas que movimentam a economia nacional, tem se engajado em um debate crescente sobre equidade racial. Esse tema ganhou mais relevância à medida que a agenda ESG — ações para tornar as operações empresariais ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis — se tornou central nas decisões de negócios. Empresas que não adotarem práticas sustentáveis correm o risco de ficar para trás.

Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial

Criada em 2015, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial reúne mais de 50 empresas que juntas movimentam R$ 1,3 trilhão. O movimento visa ampliar a abordagem étnico-racial e promover a inclusão e a geração de oportunidades para pessoas negras no mercado de trabalho. As empresas comprometem-se com uma série de ações para promover a equidade e, desde o ano passado, podem mensurar o progresso dessas iniciativas por meio do Índice de Equidade Racial Empresarial (IERE). Esse estudo, realizado em parceria com o Instituto Data Zumbi, mapeia as ações afirmativas de 23 grandes empresas nacionais e multinacionais.

Raphael Vicente, advogado e coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, destaca que “a inclusão racial precisa estar no planejamento estratégico das empresas”. Para ele, o IERE é uma ferramenta fundamental, pois identifica a posição atual dos profissionais negros, as ações prioritárias e o que a empresa deve fazer para avançar.

  
Equidade Racial

DEZ COMPROMISSOS DA EMPRESA COM A PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL:

  1. Comprometer-se — presidência e executivos — com o respeito à promoção da igualdade racial.
  2. Promover igualdade de oportunidade e tratamento justo a todas as pessoas.
  3. Promover ambiente respeitoso, seguro e saudável para todas as pessoas.
  4. Sensibilizar e educar para o respeito e a promoção da diversidade racial.
  5. Estimular e apoiar a criação de grupos de afinidade sobre diversidade racial.
  6. Promover o respeito à diversidade racial na comunicação e no marketing.
  7. Promover o respeito a todas as pessoas no planejamento de produtos, nos serviços e no atendimento ao cliente.
  8. Promover ações de desenvolvimento profissional para se alcançar a igualdade racial no acesso a oportunidade de trabalho e renda.
  9. Promover o desenvolvimento econômico na deia de valor dos segmentos étnico-raciais em situação de vulnerabilidade e exclusão na cadeia de valor.
  10. Promover e apoiar ações em prol da igualdade racial no relacionamento com a comunidade.


Equidade Racial

Em novembro, empresas que fazem parte do cotidiano dos brasileiros reconheceram a necessidade de contribuir com a pauta racial e promover ações de diversidade, equidade e inclusão para reduzir a desigualdade e combater o racismo estrutural no Brasil. Essas empresas se uniram no Mover – Movimento pela Equidade Racial. Lançado oficialmente em junho deste ano, o movimento se compromete a criar 10 mil novas posições de liderança para pessoas negras e capacitar 3 milhões de pessoas até 2030. O investimento previsto é de R$ 15 milhões anuais pelos próximos três anos, que serão direcionados para processos, estruturas, mudança cultural, capacitação e treinamento.

Entre as empresas que compõem o Mover estão Alcoa, Ambev, Coca-Cola Brasil, Grupo Boticário, Magalu, Nestlé, entre outras. Carlos Domingues, diretor e vice-presidente do Mover, enfatiza que “o racismo é estrutural e, por isso, demanda soluções estruturantes. Precisamos somar forças. Acreditamos que o governo, a sociedade civil e as empresas têm um papel fundamental na luta contra o racismo, e queremos trabalhar juntos.”

Domingues também menciona a parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e o Fundo Baobá, organizações que contribuem para a promoção da igualdade racial e o enfrentamento do racismo.

Impacto social e ações corporativas

Os assassinatos de George Floyd, nos Estados Unidos, e de João Alberto Freitas, em Porto Alegre (RS), em 2020, destacaram a necessidade das empresas intensificarem a promoção da diversidade na cultura organizacional. No Carrefour, onde João Alberto foi espancado e morto por seguranças terceirizados, a empresa implementou um plano de ação para combater o racismo. As medidas incluem revisões nas políticas de diversidade, capacitação e treinamento de funcionários e terceiros.

Além disso, o Carrefour tem programas específicos para a contratação de profissionais de grupos minorizados, como pessoas em situação de refúgio, pessoas trans e pessoas com deficiência. Recentemente, a empresa selecionou 20 participantes para o primeiro programa de aceleração de carreira voltado para profissionais negros. Marinildes Queiroz, coordenadora de Desenvolvimento Organizacional do Carrefour Brasil, explica que “o primeiro passo foi reconhecer que, para promover inclusão e aceleração de carreira, é necessário remover barreiras tradicionalmente utilizadas no processo de seleção, como fluência em segundo idioma, idade e tempo de formação.” O programa terá duração de 18 meses, com um salário inicial de R$ 7,5 mil.

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