O desejo de muitas pessoas brancas e não negras de se tornarem aliadas na luta contra o racismo é um passo importante para uma sociedade mais justa.
No entanto, esse compromisso exige mais do que boa vontade. Exige conhecimento. Um dos conceitos fundamentais para quem quer entender o racismo estrutural e atuar de maneira mais efetiva é o colorismo.
O que é colorismo e por que ele importa?
Colorismo é a discriminação baseada na tonalidade da pele dentro de um mesmo grupo racial. Isso significa que, mesmo entre pessoas negras, aquelas com pele mais clara frequentemente enfrentam menos barreiras do que aquelas com pele retinta. Esse fenômeno é resultado de séculos de colonialismo e supremacia branca, que associaram a pele mais escura a algo negativo e estabeleceram hierarquias dentro das próprias comunidades racializadas.
O colorismo influencia desde oportunidades de emprego até representações na mídia. Estudos apontam que pessoas negras de pele mais clara são mais propensas a serem contratadas para cargos de destaque, a receberem melhores salários e a terem maior aceitação em espaços majoritariamente brancos. Isso acontece porque a sociedade tende a enxergar essas pessoas como mais próximas do padrão branco e, portanto, menos “ameaçadoras” ao status quo.
Colorismo e o mercado de trabalho
Se olharmos para o ambiente corporativo, fica evidente como o colorismo molda as oportunidades de ascensão profissional. Pesquisas mostram que, entre pessoas negras com o mesmo nível de qualificação, as de pele mais escura enfrentam mais dificuldades para serem promovidas e recebem salários menores. Isso não é coincidência. É reflexo de um sistema que favorece características associadas à branquitude, mesmo dentro de grupos racializados.
Além disso, quando empresas se propõem a contratar pessoas negras, muitas vezes escolhem aquelas que se encaixam melhor em padrões estéticos mais próximos dos brancos. Isso pode ser visto, por exemplo, na escolha de influenciadores, porta-vozes e figuras públicas que representam a “diversidade” dentro de determinadas marcas. Se a maioria dessas pessoas tem pele clara, traços finos e cabelos cacheados em vez de crespos, há um indício forte de que o colorismo está em ação.
A representatividade na mídia e na cultura pop
A forma como a mídia representa pessoas negras também reflete o colorismo. Em novelas, filmes e comerciais, é comum que personagens negros em papéis de destaque sejam interpretados por atores e atrizes de pele mais clara. Quando personagens de pele retinta aparecem, muitas vezes são retratados de maneira estereotipada, como empregados, criminosos ou figuras secundárias sem complexidade.
Isso não é apenas um detalhe. A representatividade importa porque molda a forma como as pessoas se veem e são vistas pela sociedade. Se crianças negras crescem vendo apenas pessoas de pele clara ocupando posições de prestígio e destaque, internalizam a ideia de que existe um limite para o que podem alcançar. Isso afeta autoestima, ambições e até mesmo a forma como essas crianças serão tratadas no futuro.
Como combater os efeitos do colorismo no dia a dia?
Para quem deseja ser um aliado na luta contra o racismo, é fundamental reconhecer e questionar o colorismo. Algumas ações práticas incluem:
Reavaliar padrões estéticos
Quem você considera bonito? Essas percepções muitas vezes estão carregadas de influências racistas e precisam ser desconstruídas.
Apoiar profissionais negros de pele retinta
Se você tem poder de decisão em contratações, eventos ou divulgações, faça um esforço consciente para incluir e valorizar profissionais de diferentes tonalidades de pele.
Consumir conteúdos diversos
Busque filmes, séries, livros e influenciadores que representem a diversidade real da população negra. Evite apenas consumir produções que reforçam a predominância de pessoas de pele clara nos espaços de poder.
Falar sobre o tema
Muitas pessoas nunca ouviram falar de colorismo ou não percebem como ele opera. Trazer essa discussão para o seu círculo de convivência ajuda a ampliar a conscientização.
Aprenda mais com o Carreira Preta
Se você quer entender melhor o colorismo e como ele impacta o mercado de trabalho, temos um workshop que aprofunda esse tema e traz estratégias para combater essa desigualdade.
