Burnout e racismo: qual a relação?
A Organização Mundial da Saúde classifica o burnout como uma doença ocupacional, ele gera questionamentos sobre como o preconceito racial no ambiente corporativo contribui para o desenvolvimento dessa síndrome. Agora reconhecido como um estresse crônico, o Burnout se relaciona diretamente com o trabalho e se manifesta por sintomas como esgotamento, cinismo e redução da eficácia profissional, devido a um estresse mal gerido no ambiente corporativo.
“A mudança na classificação do Burnout responsabiliza as empresas pela saúde integral de seus funcionários. Isso também afeta processos e direitos trabalhistas. Por exemplo, um trabalhador diagnosticado com Burnout pode se afastar com remuneração por 15 dias. Se os sintomas persistirem, ele tem direito ao benefício previdenciário do INSS e não pode ser demitido sem justa causa por 12 meses após o fim do auxílio. Em casos graves, o funcionário pode até se aposentar por invalidez”, afirma Monique Luz, psicóloga do Zenklub com experiência em racismo.
DA TEORIA À PRÁTICA
Para que o esgotamento crônico associado ao trabalho seja considerado Burnout, é necessário provar a relação entre o trabalho e a doença. Monique Luz explica que isso se faz através de perícias, atestados, diagnósticos médicos, histórico laboral e avaliação do ambiente de trabalho. É preciso ouvir testemunhas sobre metas irreais, cobranças agressivas, competitividade acirrada, assédio moral e degradação emocional.
“Obter essas provas pode ser desafiador, mas a nova classificação do Burnout como doença ocupacional marca o início de uma nova era no trabalho. Com as mudanças trazidas pela pandemia, os empregadores precisam adotar uma postura proativa para criar um ambiente saudável e prevenir o adoecimento das equipes. Isso impacta o engajamento, a produtividade e a retenção de talentos e representa um risco jurídico e financeiro”, diz Monique Luz.
Artigos recentes sobre Burnout destacam a meditação e o mindfulness como auxiliares no tratamento da síndrome. “Isso ajuda, mas é crucial manter uma comunicação clara, evitar a superprodução, estabelecer metas realistas e atender os colaboradores com empatia. Precisamos conscientizar e transformar a visão sobre cargas horárias excessivas, que não devem ser vistas como normais”, afirma Grazi Piva, executiva da EDC Group.
RACISMO FOMENTA O BURNOUT?
Encontrar uma resposta não foi fácil, mesmo após conversas com especialistas. A advogada Tatiana Viola de Queiroz, sócia-fundadora da Viola & Queiroz Advogados e especialista em direito da saúde, analisa a relação entre racismo e Burnout. “O racismo por si só não causa Burnout, mas o preconceito racial no trabalho pode desencadear a síndrome. A mesma relação pode ser observada com machismo, gordofobia e homofobia no ambiente de trabalho”, conclui Tatiana.