Hoje nós negros já ocupamos espaços que não tínhamos há tempos atrás, mas ainda é pouco. Sendo 56%* da população do país, ainda não temos o destaque que precisamos e merecemos no tema carreira e mercado de trabalho, afinal, quantas pessoas negras você tem em seu ambiente de trabalho em posições de liderança? Quantos mentores negres você teve ou tem acesso? Quantos acionistas negres você conhece?

E foi tentando responder a essas perguntas, me fortalecendo enquanto profissional e me estabelecendo em minha cadeira de desenvolvimento de pessoas em corporações e instituições de ensino, que entendi: por que não fazer um trabalho direcionado à comunidade negra utilizando do meu expertise sobre aprimoramento profissional e desenvolvimento de carreira, meu network e de quebra destacando nossos negros e nossa comunidade? E ainda mais importante… como não fiz isso antes.

Além disso, me reconhecer mulher negra foi um processo difícil e transformador, de suma importância e complementar as experiências profissionais que eu vinha adquirindo. Digo que não foi fácil pois nossa história traz legado que nós negros e negras, principalmente as mulheres, somos criadas para assistir e não para protagonizar, estamos para servir e não para acessar, estamos nas estatísticas que precisam de melhora e não nas de melhoria… E através de um movimento de mergulho com boa dose de curiosidade e foco no entendimento da minha historia descobri novas referência negras, grupos negros, influências negras, pensamentos negros, questionamentos negros que corroboravam com meu pensamento e cada vez mais me faziam descolar da antiga sensação de não pertencimento.

Se somos aproximadamente 120 milhões de negres no Brasil, por que não compartilhar, aprimorar e fazer essa transformação para todos?

E assim o Carreira Preta surgiu na minha vida: com o objetivo de atuar de forma estratégica e inovadora, através de ações que promovam além do debate, ações reais e de fato transformadoras!